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Estrelas

Xirú Antunes

Fêmeas noiteras, testemunhas do meu mate,
Último olhar, pra quem encilha e se vai,
Antes do sol, junto ao brilho mais lobuno,
Depois das brazas acinzentadas e o luar.

E, quando eu saio no meu mouro, orelha curta,
Falta no apero as três pedras boleadeiras,
Olha pra o céu num lusco-fusco de aurora,
Vejo as charruas estampadas e campeiras.

Quantas contei na minha infância por aí,
Quantas pesquei nas águas mansas do açude,
E outras tantas eu imito a campo fora,
Par de rosetas nos garrões do índio rude.

Por vezes somem no céu pampa do meu pago.
Um Deus campeiro fez rodeio em algum canto,
Marcou algumas pra sinuelo dos andantes,
Outras fez rimas nas guitarras do acalanto.

Hoje, a estrela mais morena do meu pago
Colheu afagos na ternura dos pelegos,
Veio em segredo amansar inquietudes,
Veio distante sossegar desassossegos.

Composição: -





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