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Biografia de XTC

Banda inglesa de Pós-Punk com uma queda acentuada pro Pop de qualidade.

Eles abriram mão de tocar ao vivo em 1982, e a cada disco de estúdio ficam mais sofisticados. Depois do sucesso com Drums and Wires, escorado no hit “Making Plans for Nigel”, a banda voltou ao estúdio com dois nomes que ainda fariam sucesso nos anos 80, Steve Lillywhite e Hugh Padgham, que viriam depois a trabalhar com U2, Simple Minds, The Police e Paul McCartney. Black Sea foi um dos momentos mais inspirados dessa banda que ainda grava, mas não se apresentam mais ao vivo, e segundo corre a lenda, passam por dificuldades financeiras nos dias de hoje. O XTC é um dos grupos mais peculiares do movimento Punk e Pós-Punk, e Black Sea, um dos melhores registros.

Eles tiveram fãs de peso, como Police e Talking Heads. Era considerado o melhor grupo inglês a trabalhar dentro de um estúdio, fazendo discos que conseguiam chamar a atenção por seus arranjos e por suas inovações. Alguns críticos mais afoitos quiseram comparar o XTC com os Beatles, pelo cuidado na produção. Outros comparam pela desistência do grupo em se apresentar ao vivo - a última tour foi em 1982.

Antes de produzir Black Sea, em 1980, o grupo já tinha uma certa notoriedade na cena Pós-Punk. Eles tinham trabalhado como banda de suporte do Police, e ficaram muito amigos, a ponto de Sting vestir camisetas com o nome XTC durante o show da banda. Tudo isso por causa de “Making Plans for Nigel”, single tirado do disco Drums and Wires. A canção estourou em muitos lugares e para se ter uma idéia da força foi disco de ouro no Canadá, presente que receberam durante a excursão.

Após o sucesso, o grupo lançou um compacto, “Wait Till Your Boat Goes Down”, que foi um fracasso. O próprio Andy classificou a canção de esquisita.

O grupo entrou em estúdio com um produtor ainda não tão conhecido, Steve Lillywhite, que no mesmo ano produziria o disco de estréia do U2, Boy. O engenheiro de som seria Hugh Padgham, que trabalhara com Police, e mais tarde, como Paul McCartney, Phil Collins, entre outros. O time prometia. A banda entrara em estúdio com todas as músicas ensaiadas.

Andy insistia em fazer arranjos que poderiam ser duplicados ao vivo. O primeiro título para o disco era Terry & The Lovermen, uma brincadeira com o baterista Terry Chambers. Ele seria vestido com um terno dourado, com o cabelo espetado para cima - uma espécie de Dave Clark Five travestido para Las Vegas. O baterista odiou a idéia e não aceitou.

Título recusado, pensaram em chamar o disco de Work Under Pressure, uma crítica ao mundo de excursões, gravações, estúdios, hotéis que os grupos de rock são submetidos. Foi durante a sessão de fotos para a capa, todos com roupas de mergulho, com o mar azul atrás, que bolaram o nome Black Sea.

O disco ficou pronto em julho. O grupo começou a ter rachas internos devido ao excesso de músicas de Andy Partridge. Colin Moulding reclamava de ter pouco espaço, o mesmo acontecendo com o guitarrista Dave Cartner.

Mesmo com o problema interno, a banda partiu para uma excursão em agosto com o Police, UB40 e The Beat, pela França, Bélgica e Espanha.

Apesar do sucesso de crítica, o disco não foi tão bem em vendagem, uma prova que nem sempre discos muito sofisticados são apreciados.

O álbum abre com “Respectable Street”, canção que começa com uma melodia baixa, como se fosse tocada em um gramofone dos anos 20. Entra uma guitarra, bateria e a canção ganha força. “General and Majors”, primeiro single do disco, segue o mesmo caminho, mas sempre com os arranjos de Partridge, apesar de ser uma canção de Moulding.

Moulding contribui com outra grande canção, “Love at First Sight”, e se dizia na época muito feliz com o disco. “Dos nossos quatros discos, é o que chega mais perto do som que fazemos em palco, é quase uma cópia do nosso tipo de show. Enquanto Drums and Wires era um pouco fragmentado, esse chega mais perto do que fazemos com o som das guitarras.”

Se você poder conferir o CD, que vem com três músicas a mais que no disco (“Smokeless Zone”, “Don´t Lose Your Temper” e “The Somnabulist”), não deixe passar a oportunidade. O grupo continuou lançando discos excepcionais, como Skylarking e Orange and Lemons, que chegou ao Brasil, em 1989, em vinil duplo, um disco que remete demais aos Beatles, sendo a banda já um trio.

Outra boa indicação é o projeto paralelo Duke of Stratosphear, que lançou um EP e um disco (Psonic Psunspot, de 1987), com o hit “Vanishing Girl”.

O grupo hoje atravessa dificuldades financeiras, segundo consta. Boa parte se deve à recusa de Andy tocar ao vivo, motivado por alguma paranóia. Como o grupo não é grande vendedor e seus discos custam muito caro, os integrantes do XTC vivem basicamente de direitos autorais e vendagem. Uma pena que uma das melhores bandas inglesas e que continua fazendo grandes discos esteja nessa situação. Mas pelo menos não desistiram.

A discografia da banda é extensa. Se não conhece nada, pode começar por Orange and Lemons, de 1989, que mostra o lado mais pop da banda. Drums and Wires é outra boa pedida, assim como Nonsuch. Mas corra atrás de toda a discografia do XTC. Você se arrependerá apenas de uma coisa: de não poder vê-los ao vivo, infelizmente. Música de alta qualidade em um tempo em que a qualidade está sendo meio desprezada.